quinta-feira, 19 de março de 2009

Metodologia do repensar transformador

Confira os ganhos da prática desse método leva a competências duráveis, ou seja, habilidades além das formatações.

 

A metodologia do pensar transformador é a mobilização progressiva, integrada e harmoniosa do pensar crítico, do processo criativo e do pensar estratégico.

O decisor começa essa mobilização já ao mapear o desafio, que é "aquele momento em que o contemplar passivo da situação se transforma no primeiro ato da vontade para intervir na realidade".

 

Ao processar o cenário e logo em seguida o desafio estratégico, o decisor (individual ou grupal) adota as atitudes da divergência com o máximo rigor. Não se conversa, não valem as opiniões nem as maneiras de ver habituais, não cabe contar exemplos nem invocar teorias. Poderíamos adjetivar essa atitude como inocente e radical. A inteligência trabalha com o olhar inocente e não com a memória.

 

O cerne do pensar transformador é a "ginástica de alongamento do pensar mediante a alternancia das atitudes de divergência e convergência".

Os ganhos que a prática dessa "ginástica" tem proporcionado parecem não ter limites. Por exemplo, essa prática tem gerado competências duráveis, isto é, habilidades que transbordam das formatações.

 

Expliquemos melhor. Um alto executivo (ou um pesquisador científico) faz cursos formatados para lidar com situações especiais ou complexas. Se algo muda no contexto ou surge um quadro que foge à formatação prevista, é como se seu aprendizado tivesse ficado inútil no todo ou em parte. A metodologia do pensar transformador, porém, proporciona ao seu praticante um conjunto de habilidades que lhe permitem sair do "pensar que espera respostas" (ou da perplexidade) e mover-se a enfrentar tais "situações e desafios insólitos".

 

É impossível expandir o pensar quando a mente está ancorada em opiniões intocáveis. Por isso, os estrategistas clássicos  — militares, note bem — ficavam horas fazendo anotações em silêncio, ao redor do cenário montado. Só esse aprendizado singelo, ou seu equivalente metodológico para a nossa época, tem proporcionado um salto qualitativo surpreendente aos participantes dos nossos cursos.

 

"E se a pessoa não tiver a serenidade suficiente?"

Tem, normalmente tem. É uma questão de trocar a auto-suficiência aparente pela alegria de descobrir seus saberes não-prospeccionados.

 

Como essa qualidade do pensar funciona diante de uma crise?

Primeiro, confere à pessoa a flexibilidade estratégica de que carece para lidar com crises e outros "insolúveis". Na base, está aquela aptidão conquistada que chamamos de novo olhar.

Segundo, ao tornar o decisor alerta – ou perquiridor em atitude de divergência – para "normalidades" e "momentos áureos", habilita-o a prevenir as tais alterações de curso a que chamamos de crises.

 

Em outras palavras, ao ganhar maestria no pensar transformador o gestor torna-se mais alerta para prevenir crises em gestação oculta e mais capacitado a administrar crises que já tenham eclodido. Tudo graças àquela expansão nos procedimentos do pensar.

 


Por José Leão de Carvalho é diretor metodológico do Instituto Latino-Americano de Ciências Cognitivas e Estratégia (ilace@ilace.org.br)


HSM Online - 17/03/2009

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