sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O que faz uma organização inteligente

“Quem está feliz hoje?” Foi com esta pergunta que Thomas W. Malone abriu o evento, organizado pela HSM, falando sobre o desafio da gestão que cria resultados extraordinários através das pessoas.

Malone está conduzindo o Special Management Program sobre O Futuro do Trabalho, que acontece hoje, 26 de agosto, e amanhã, em São Paulo. Ele deu início à sua primeira aula questionando como as organizações vão se estruturar nas próximas duas décadas, e como será o trabalho no futuro.

O professor partiu do ponto que estamos vivendo as fases iniciais de um aumento da liberdade humana nas empresas, que talvez hoje seja tão importante quanto o surgimento das democracias foi para o Estado um dia. E isso está acontecendo porque pela primeira vez na história, podemos aproveitar os benefícios econômicos das grandes organizações sem abrir mão dos benefícios das empresas pequenas para as pessoas, como liberdade, criatividade, motivação e flexibilidade.

Malone afirmou que essa mudança tornou-se possível graças às novas tecnologias, que proporcionaram custos menores de comunicação, possibilitando que inúmeras pessoas tenham informações suficientes para tomar mais decisões por si mesmas. “É a tecnologia reduzindo os custos da comunicação que torna isso possível e move as mudanças”, defende, acrescentando que esta mudança é movida por valores humanos. “As pessoas usam sua liberdade para obter mais daquilo que desejam”. O professor explicou que em muitos casos, os trabalhadores estão sendo recompensados não por executar eficientemente as ordens, mas por decidir o que precisa ser feito e fazê-lo.

A recente evolução das organizações comerciais segue o padrão de evolução das sociedades, na medida em que grandes hierarquias corporativas centralizadas substituíram os pequenos negócios organizados de maneira mais informal nos últimos duzentos anos. “O mesmo padrão de mudança organizacional que aconteceu na sociedade também está se desenvolvendo, só que com mais velocidade, nos negócios”. Mas, afirma Malone, o último estágio, de hierarquias corporativas a redes de negócios mais descentralizadas, está apenas começando. Este, então, é o padrão básico de três estágios que vimos tanto nas sociedades ao longo da história quanto nas organizações comerciais do século XX:

- No estágio um, as pessoas funcionam em grupos pequenos e desconectados. Eram os bandos antigos isolados e descentralizados, hoje representados pelas pequenas empresas locais.

- No estágio dois, grupos maiores são formados e a decisão se torna centralizada. Seriam os reinos centralizados, hoje as corporações grandes e centralizadas.

- No terceiro estágio, os grandes grupos permanecem, mas a decisão se torna mais descentralizada. Seriam as democracias descentralizadas e interligadas, hoje representadas pelo empowerment, terceirizações e organizações em rede.

Como integrar pessoas e tecnologia

Malone define como inteligência coletiva um grupo de pessoas que, coletivamente, fazem coisas que parecem inteligentes. Ele enfatizou que este tipo de inteligência jamais existiu antes no planeta. Mas, deixa o alerta: “A burrice coletiva é tão estúpida quanto a inteligência coletiva”. O que sugere a grande pergunta: Como pessoas e computadores podem ser conectados para que atuem coletivamente de modo mais inteligente do que qualquer outra pessoa, grupo ou computador individualmente?

Malone responde explicando que o fato da tecnologia tornar algo possível, não significa que vai acontecer, ou que seja desejado. Para ele, organizações inteligentes não fazem só coisas boas, mas o fazem com velocidade. “Uma medida de inteligência é a rapidez”. Mas, com que rapidez as organizações conseguem agir? Com que rapidez você consegue construir uma casa? Malone ressaltou que se queremos entender em que ponto estamos e como ter benefícios com essas vantagens, precisamos pensar em no que os seres humanos querem.

Um exemplo utilizado pelo professor para ilustrar o conceito é o Wikipedia, que oferece alto grau de liberdade para as pessoas. “Junto com ela, vem a escala. Um pool global de contribuintes e acesso global também”. Malone afirmou ainda que uma organização inteligente normalmente atravessa os limites da empresa. “Para termos sucesso no mundo em que estamos entrando, precisaremos de um novo conjunto de modelos mentais”, declarou. Embora esses novos modelos não devam excluir a possibilidade de comandar e controlar, eles precisam abranger uma gama bem mais ampla de possibilidades, tanto centralizadas quanto descentralizadas.

Malone defende que para ser um gerente eficaz no mundo em que estamos entrando, você não pode se prender a uma mentalidade centralizada. Precisa ser capaz de se mover com flexibilidade no continuum da descentralização, porque a maioria de nós já entende a centralização. “Precisamos mudar a nossa forma de pensar, deixando de comandar e controlar para coordenar e cultivar”. Quando você coordena, organiza o trabalho de modo que coisas boas aconteçam, esteja você no controle ou não, já que a coordenação enfoca as atividades que precisam ser realizadas e as relações entre elas.

HSM Online
26/08/20009

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