sexta-feira, 30 de maio de 2008

Educar para os negócios e a sustentabilidade

Caros leitores,

A seguir um assunto importante em que as organizações, entidades empresariais, instituições de ensino e sociedade em geral, necessitam inserir em seus contextos de forma pró-ativa, caso contrário, nós, nossos filhos e netos seremos vítimas do próprio crescimento mundial. Este artigo foi enviado pelo aluno, Fernando Araújo, do MBA em Gestão de Negócios da Faculdade dos Guararapes.

29 de Maio de 2008 - Uma verdade inconveniente é a frase que dá título ao premiado documentário no qual o ex-vice-presidente americano Al Gore faz um alerta para as implicações das atividades humanas sobre os recursos do planeta. Trata-se de uma afirmação que cabe em várias situações nesta era de transformações globais, principalmente na relação cada vez mais evidente entre o crescimento econômico e a degradação ambiental.

Em suas palestras, Gore faz uma provocação às empresas ao questioná-las sobre o planejamento futuro. Ele mesmo a responde, dizendo que, por mais perfeitos que sejam os planos e estratégias, estes podem estar, literalmente, embaixo da água em muito pouco tempo. Por mais alarmista que possa parecer, existe uma lógica no raciocínio que afeta diretamente os negócios. Ele coloca a nós, empresários, no centro da agenda global, imputando-nos grande parcela de culpa pelas mazelas do mundo.

O certo é que até alguns anos atrás os temas econômicos ocupavam de forma exclusiva a vida das empresas, pois fomos educados para isso. Atualmente, as preocupações ambientais e sociais estão presentes na pauta prioritária de muitas corporações. O mesmo acontece no ambiente dos governos, da academia e das ONGs.

Cada um destes quatro atores estabelece, ao seu modo, iniciativas próprias para o que considera vital para o desenvolvimento sustentável. Isso é importante. Mas entre eles faltam três pilares fundamentais para que haja efetividade e produtividade em prol da sustentabilidade: cooperação, articulação e, principalmente, tratamento sistêmico para as ações.

Falta ainda cuidar do mais importante, que é a formação de novas competências em desenvolvimento sustentável - um objetivo que só será atingido pela via da educação com significado. Assim, é preciso repensar o ensino superior no campo das ciências sociais aplicadas, primordialmente nos cursos de administração. Daí sairão os executivos que vão atuar na competitiva economia globalizada pelos próximos 30 anos. Estas pessoas tomarão as decisões que vão influenciar a dinâmica da produção, causando impacto sobre os indivíduos, as sociedades, as culturas, o ambiente e os negócios.Para que esta formação seja adequada, é necessário identificar nas faculdades da área de gestão o que podemos chamar de transdisciplinaridade em favor da sustentabilidade. Trata-se daquilo que é transversal à formação acadêmica e que concorre para que o desenvolvimento sustentável esteja presente no conhecimento adquirido por nossos futuros líderes. Sem isso, o máximo que podemos esperar deles é um conjunto de perspectivas diferentes e não uma visão que sintetiza e integra soluções para os desafios das empresas e da qualidade de vida no planeta.

Certamente que não é justo imputar responsabilidade somente à academia. Todos somos responsáveis. O desafio, então, é promover um esforço conjunto e concentrado em prol de soluções que nos ajudem a garantir a convivência amigável entre ambiente, sociedade e crescimento econômico.

Grandes pensadores e acadêmicos, empreendedores sociais e alguns dos mais influentes empresários do mundo criaram os Princípios para a Educação Empresarial Responsável, no âmbito do Pacto Global da ONU. O foco é a revisão da educação para a gestão. Para aprofundar este debate na nossa sociedade, estamos promovendo o Global Forum América Latina (www.globalforum.com.br).

Trata-se de um encontro de líderes empresariais e acadêmicos, com a essencial participação de instituições que regulam o ensino superior no Brasil, como a Capes, Angrad e Anpad. Nossa expectativa é que o encontro, que será realizado em Curitiba, entre 18 e 20 de junho, instale um processo consistente e contínuo de aprendizagem compartilhada voltada para o aprimoramento da educação em gestão para a sustentabilidade.

Nós, empresários, precisamos despertar. Junto com os demais atores sociais, precisamos cooperar e agir. Podemos seguir a tese de Peter Drucker de que todos os problemas do planeta devem ser vistos como oportunidades de negócio. Mas para que isso aconteça, já dizia ele, é necessária a quebra de paradigmas da educação. A hora é de educar e inovar para crescer de forma saudável e sustentável.

kicker: Falta formação de novas competências em crescimento sustentável
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 3) RODRIGO DA ROCHA LOURES* - Presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e presidente do Conselho de Política Industrial da CNI.)

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