sexta-feira, 20 de maio de 2011

Educação: instrumento que garante a sucessão

A professora, palestrante e pesquisadora Stephanie Brun de Pontet explica como o processo educacional é importante para a sucessão em empresas familiares.

Qual é a chave para o sucesso em um processo de sucessão em uma empresa familiar? A educação é a resposta apresentada por Stephanie Brun De Pontet, especialista em consultoria de empresas familiares nos momentos de transição. Durante sua palestra no Special Management Program HSM Family Business, realizado nos dias 11 e 12 de maio, Stephanie destacou a importância de criar oportunidades contínuas de aprendizado. Essa é uma forma de garantir que as próximas gerações assumam a liderança da empresa familiar com propriedade intelectual e não somente com propriedade legal. “Isso é mais forte do que um papel dizendo que você é dono”, afirma Stephanie.

Para começar, ela propõe uma votação por meio de um sistema eletrônico. Os participantes responderam a pergunta: Com que frequência você reserva tempo para “eventos educacionais”? O resultado mostra que este é um movimento já presente na vida daqueles que estiveram no Family Business HSM. A maioria disse que esses eventos acontecem “várias vezes por ano” (48,9%). Os outros resultados: “Esporadicamente” (25,9%), “Uma vez por ano” (15,8%) e “Nunca” (9,4%).

A educação, neste caso, não compreende somente a parte formal com boas escolas e bons cursos. A ideia é moldar cada membro da família para que compreenda o negócio, absorva a cultura e os valores familiares. E isso é confirmado pelos participantes através de mais uma votação. Questionados sobre qual seria o tópico mais importante na educação familiar, 38,1% deles responderam que são a “história e os valores da família”, seguidos de “entender o setor de atividade e o negócio” (30,9%), “melhorar e desenvolver habilidades de comunicação” (23,7%) e “fundamentos financeiros” (7,2%).

Stephanie, que possui experiência no desenvolvimento de programas de treinamento para educar a próxima geração sobre gestão e melhores práticas para negócios familiares, reforça que os laços familiares funcionam como forma de engajar as pessoas para o trabalho na empresa. “A paixão e a diversão devem fazer parte do processo educacional”, destaca. Para ela, “a propriedade psicológica é de ouro, assim todos se sentem parte da mesma equipe. Entender a história, a origem da companhia faz a pessoa ser parte de algo maior e isso é uma satisfação emocional.”

O resultado de um processo educacional bem aplicado é o comprometimento. A educação mostra uma preocupação com a geração seguinte, pois eles já estão envolvidos com o que querem aprender, são ativos na empresa. Mesmo com aqueles que são herdeiros e não trabalham no negócio, o processo educacional faz este profissional compreender como pode colaborar mesmo estando mais distante do dia a dia.

Na prática, o processo educacional pode acontecer de várias formas: na empresa, em um encontro familiar na casa de algum parente, com uma festa, workshops, treinamentos. A ideia é descobrir a melhorar forma e não esquecer de adequar a linguagem para cada tipo de público. A educação deve acontecer desde as crianças, passando por adolescentes e jovens, até os adultos. “Tendemos a estimular as famílias a encontrarem maneiras de educarem todos. Quanto mais compartilharmos entendimentos, teremos menos conflitos entre os que trabalham e os que não trabalham na empresa”, diz Stephanie.

Para finalizar, ela destaca a troca de experiência no encontro das gerações: “Essa é a beleza deste tipo de atividade. Pegar as competências daqueles que já estão envolvidos, compartilhar responsabilidades, estimular a participação”. Para quem ainda não iniciou o processo educacional, Stephanie lembra que “não dá para ficar esperando a hora certa, com conhecimento certo, pessoas certas etc. É preciso caminhar com as habilidades que você tem. O processo na construção da educação é, por si, educacional.”

Polyana Francisco, jornalista do Portal HSM.

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