segunda-feira, 23 de maio de 2011

Gestão do conhecimento nas redes sociais

Conheça alguns cases sobre empresas que estão utilizando o poder dos usuários na internet para inovar em seus negócios e transformar o mundo, por Gil Giardelli, Samanta Fluture, Gaia Creative e Equipe Inovadores ESPM

Monitorar dados de seus clientes, transformá-los em informações e aplicá-los em seus negócios, transformando-os através da visão destas pessoas, é o que chamamos hoje de inovação aberta. O poder está na mão dos usuários, que não são mais uma audiência, mas veículos que produzem e transmitem conteúdo pela web. Ter conhecimento do que eles falam nas redes e usar isso a favor é essencial. Alguns cases:


KLM – Reclamações via Twitter geram insights para novo voo: um holandês twittou sobre a falta de voos diretos de Amsterdam para Miami, gerando grande repercussão na rede por DJs, promoters e profissionais da área de festas e baladas. A empresa aérea lançou um desafio: criaria o voo Amsterdam-Miami se os 351 assentos fossem reservados antes do dia 6 de dezembro de 2010. Em 5 horas, os assentos se esgotaram!

Marca de roupa H&M pede inspiração para blogueira de moda: Elin Kling, uma famosa blogueira de moda sueca, chamou à atenção de grandes marcas de moda e se uniu a H&M do seu país para lançar uma linha de roupa baseada em seu estilo. As roupas refletem uma mulher moderna, minimalista e boêmia.

O domínio do vídeo online

De acordo com um estudo da Cisco, haverá um crescimento de tráfego de dados global de mais de 30% ao ano até 2014, no qual a soma de todos os tipos e formatos de vídeo (TV, Internet, on demand etc) ultrapassará 91% deste tráfego. E o vídeo online representará sozinho, 57% de todo o tráfego online consumido em 2014.Alguns cases:

Faculdade de Londres oferece curso de graça pelo Facebook: London School of Business and Finance anunciou que quer facilitar o acesso à educação de qualidade. Sem custo, qualquer estudante com um computador conectado pode se cadastrar para as aulas no Facebook, e só pagar se decidirem usar o curso como créditos para a faculdade. No Facebook, terão aulas em vídeo e grupos de discussões, tudo acessível se você “curtir” a página. http://www.lsbf.org.uk/

Ford documenta sua campanha de apoio a ONGs: a Ford lançou, no final do ano passado, o projeto The People’s Fleet, que emprestou 12 Ford Fiestas para 12 ONGs de Los Angeles, visando ajudar esses grupos a economizarem dinheiro, divulgar seu trabalho e ainda resolver os problemas de transporte. Para maior divulgação e envolvimento do público, essa campanha está sendo documentada, com vídeos semanais sobre o trabalho dessas ONGs. http://www.thepeoplesfleet.com/

Maximizar o digital no real

Nike InterTwitter Race: unindo a corrida offline “10k” com uma corrida por followers no Twitter: a Nike 10K de Buenos Aires desafiou a noção do que significa ter e ganhar “seguidores”, competindo com seus concorrentes, tanto em uma corrida real quanto no Twitter. Uma colaboração entre a Nike, a BBDO Argentina e + Castro resultou na corrida online+offline InterTwitter Nike, um aplicativo que compara e visualiza o número de seguidores que um corredor tem na corrida 10k (através do seu histórico de corridas) e o número de seguidores do Twitter que conseguiram gerar e manter online. Além disso, são gerados desafios virtuais entre os competidores, executados em vídeos customizados e integrados ao Google Earth.http://werunbuenosaires.com/intertwitter/

Customização de produtos via Facebook: a BMW Itália está oferecendo aos seus fãs no Facebook a oportunidade de apresentar seus projetos de design de carro. Os fãs podem votar em seus designs favoritos. O vencedor da competição terá seu projeto realizado como um carro de edição limitada. Fan Page:http://www.facebook.com/BMW.Italia

Pop-up store no Facebook: em março de 2011, a Fan Page do ketchup Heinz no Reino Unido ofereceu aos seus fãs a oportunidade de experimentar uma edição limitada do produto, através de um ecommerce “pop-up” no próprio Facebook. Foram disponibilizadas 3.000 garrafas de catchup vinagre balsâmico para compra, criando um buzz em torno do novo produto. Os usuários eram obrigados a “curtir” a página para acessar a oferta. Fan Page:http://www.facebook.com/HeinzKetchupUK?sk=app_194477550575090

O valor dos 3 F – Fan, Followers e Friends

Branded content: valorizar a marca e, quem sabe, vender

De blogs à Tumblrs, branded content tem sido uma das principais estratégias de marketing online de marcas de moda – exemplos de sucesso na comunicação online, que necessitam de formas inovadoras para se conectar com seus clientes. O branded content tem vários propósitos: entretenimento de clientes, publicidade, engajamento social, venda de produto. Marcas que produzem conteúdo estão a um passo a frente, tendo em mãos uma ferramenta que blogueiros e qualquer outra mídia podem compartilhar. Em 2011, o branded content é tendência para alavancar marcas no meio online. Alguns cases:

Louis Vuitton – NOWNESS: a marca conta, a partir de uma curadoria e produção de conteúdo, seu mundo, sua história e das pessoas que contribuem para a marca. Seja por escrito, por fotografia ou vídeo. Através de NOWNESS – Twitter, Facebook, YouTube e o próprio site, que virou referência de moda e luxo – a Louis Vuitton criou uma comunidade que compartilha conteúdo mundialmente, passando o valor de sua marca e atingindo uma nova fronteira de influenciadores. http://www.nowness.com/

A ascensão dos social games

Cerca de 68,7 milhões de americanos estarão jogando socialgames até 2012 - segundo eMarketer. Os social games avançam a cada dia devido aos objetivos simples de cada jogo: diversão, competição e cooperação. O sucesso de cada game acaba sendo associado também à popularidade do próprio site. Para as empresas, a contextualização da marca no ambiente do social game é essencial para ampliar sua visibilidade e obter consumidores fiéis e engajados. Além disso, o fácil acesso às informações (perfil, preferências etc) de usuários amplia a possibilidade de oportunidades tanto para desenvolvedores quanto para anunciantes.

Jogue Street Fighter 2 dentro do Facebook: os fãs da franquia Street Fighter que ainda lembram com carinho da época em que o game era encontrado em qualquer arcade agora podem matar as saudades com um novo aplicativo para o Facebook.

Social commerce humanizando marcas

O DNA do social commerce são os relacionamentos, as conversas, a volta do comércio nas praças públicas na década de 1970. O social commerce requer que as empresas ajam como humanas. No lugar de procurar por informações, os consumidores estão descobrindo coisas através de referências e recomendações de quem confiam. Mais do que um mediador de CTR (click-through rates), isso requer ajustes, como os dois abaixo levantados pelo Techcrunch:

• Praticar a arte da conversa: social commerce não é “captura de leads” ou construir enormes “bases de dados”. É falar com pessoas com uma voz autêntica, a mesma voz que usaria se estivesse falando com os usuários pessoalmente. Afinal, as empresas estão falando com seus clientes no mesmo lugar em que eles constumam conversar com seus amigos.

• Construir um relacionamento mais forte com o consumidor: consumidores são um network confiável, uma comunidade que rodeia os negócios. Cuidando dos clientes, as empresas não apenas construirão melhores relacionamentos, mas também abastecerão seus níveis de confiança como fonte de referências e recomendações.

• Foursquare lança recurso com foco no Social Commerce: o novo recurso permite que os consumidores sejam alertados quando existir alguma oferta próxima de sua localização. A nova ferramenta tem como objetivo impulsionar as receitas da empresa. No momento, o “ShopAlert” (serviço que opera através de geolocalização) está disponível apenas em quatro cidades dos Estados Unidos: Chicago, Los Angeles, Nova York e San Francisco. O novo recurso também possui algumas funcionalidades para fornecedores interessados em anunciar suas promoções. O “Foursquare Merchant Platform” é gratuito, e permite aos fornecedores segmentarem as ofertas por sexo, dia, hora, entre outros.

Geolocalização + crowdsourcing

Red Bull Street Art View

Houve um grande buzz sobre o Google Art Project, uma ferramenta que proporciona aos usuários visitas virtuais em alguns dos melhores museus do mundo. A Red Bull se inspirou nisso e criou um mashup com o Google Street View, o Red Bull Street Art View, que permite às pessoas taguear suas peças favoritas de arte de rua ao redor do globo – e compartilhá-las com outros usuários.
As obras podem ser pesquisadas por local ou por autor através do mapa do Google. Ao se aproximar da obra, o mapa se transforma no Google Street View, mostrando em detalhes os melhores graffittis do mundo. Após poucos dias no ar, a plataforma já tem mais de 200 muros marcados em vários países, incluindo nomes como Keith Haring, Os Gêmeos e Banksy.

Crowndsourcing e a abundância das multidões
(Emprestei o texto de Erica Brasil)

“O conceito de Crowdsourcing vem ganhando cada vez mais relevância no mundo. O termo estreou em uma reportagem de Jeff Howe Page para a revista americana Wired em 2006 e hoje contabiliza sucessos, fracassos e algumas variações na definição. Em inglês, resulta da junção de “crowd” (multidão) com “sourcing” (fonte, também interpretado como terceirização). “Inteligência Coletiva” e “Open Innovation” são reconhecidos como sinônimos.

Trata-se de apresentar um desafio ou problema para um grupo de indivíduos, permitindo que eles participem de um processo no qual são apontadas soluções criadas e aprimoradas coletivamente.
Foi assim com a Colgate-Palmolive, que precisava descobrir uma forma de inserir o pó de flúor no tubo da pasta de dente sem que ele se dispersasse pelo ar. Ed Melcarek já sabia a resposta antes mesmo de terminar a leitura: transmitir uma carga elétrica ao pó faria com que ele fosse atraído para o tubo. Assim, o criativo cientista aplicou seus conhecimentos em foguetes, ganhou 25 mil dólares e ajudou a empresa, que gastaria um valor muito superior em Pesquisa e Desenvolvimento para talvez chegar à mesma conclusão.

A era da transparência: mobilizações de uma geração conectada

A Revista Time considerou Wael Ghonim (do Google), que teve papel-chave na mobilização via redes sociais que acelerou a queda do ditador egípcio, um exemplo marcante do nascimento desta nova era.
“Não houve um herói, porque todos foram heróis.” E também disse: “O poder das pessoas é muito mais forte do que as pessoas no poder.” (Wael Ghonim, do Google)

Três casos recentes nos fazem refletir sobre como as transformações tecnológicas e redes sociais estão catalizando esse processo de busca de transparência dos indivíduos.

Quando o presidente mundial do Burger King, o brasileiro Bernardo Hees, fez comentários depreciativos sobre as mulheres e a comida britânica em uma palestra para estudantes no EUA, a polêmica correu o mundo após publicação em um jornal estudantil de Chicago, da universidade para o mundo.

Ou quando os alunos da tradicional escola Arquidiocesano, de São Paulo, se mobilizaram contra o aumento dos salgados na cantina, com direito à hashtag #abaixoacalu que, por cerca de 24 horas, foi um dos assuntos mais comentados do Twitter.

Kassab também enfrentou uma manifestação em Paris, onde um grupo de brasileiros rebatiam o aumento das passagens de ônibus em São Paulo como solidariedade aos familiares e colegas da terra natal. Em Paris, os manifestantes diziam: “a vergonha que foi o aumento das tarifas em São Paulo agora ficará conhecida em todo o mundo”.

Tudo isto, me relembrou meu TEDXPortoAlegre.

Onde questionei, o que faz a humanidade gastar 600 milhões de horas editando a Wikipedia? O que faz um astronauta fazer check-in fora do planeta Terra? O que faz 100 mil pessoas serem voluntárias dos Jogos Olímpicos de Londres? O que faz gastarmos 1 trilhão de horas interagindo nas redes sociais? Se apenas 5% do nosso tempo for para fazer algo bom, já mudamos o mundo.

Ontem - Era Industrial:
• Economia de produção
• Vapor

Hoje - Era digital:
• Economia do conhecimento
• Compartilhar ideias

É hora de mudar o mundo, não ter pensamentos como: “Teve uma grande ideia? Respira que logo que passa!” ou “Empresas do século XX, pessoas do século XXI. Vamos contratar pessoas diferentes, mas todas elas têm que ficar iguais quando entrarem aqui.”

Precisamos de mais poesias e de menos palavras. Esse é o mundo que está em jogo agora. Você é o que você compartilha. É um hiato de gerações. O tempo coletivo é um bem social. Temos que pensar menos consumo e mais engajamento. Tem uma música nova nessa humanidade e um lugar que nós não podemos usar velhos mapas para descobrir novas terras.

Fontes: Trendwatching, Techcrunch, PSFK, Cisco Portal Administradores, RioCriativo, Estrombo, Sebrae, Portal HSM, Cidade do Conhecimento – USP, Good, MindShift, Harvard Business Review, Érica Brasil - Núcleo de Inovação & Redes Sociais dos Inovadores ESPM.

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