quinta-feira, 10 de março de 2011

Use o erro a seu favor

Como administrar suas falhas e tirar proveito delas para manter a produtividade em alta e a confiança do chefe.

Cometer erros no trabalho é um pesadelo para muita gente. Mas, se o estrago já está feito, de que adianta se desesperar? Como todos nós falhamos, o que pesa mais na avaliação de um profissional é como ele lida com a situação. Saber errar significa, por um lado, antecipar riscos para não ser completamente surpreendido. E, por outro, corrigir as falhas o mais rápido possível e aprender com elas. Companhias como 3M, Natura e Serasa estimulam seus funcionários a assumir riscos controlados e toleram erros para estimular a iniciativa das equipes.

Quer saber se sua empresa lida bem com os erros? 

Um estudo publicado em novembro do ano passado pela escola de negócios IMD, da Suíça, mostra que a tolerância ao erro é o principal motivador de inovações nas empresas, pesando duas vezes mais do que itens como autonomia e premiações. "As pessoas arriscam mais quando têm segurança e apoio para lidar com as consequências de uma falha", diz o professor Stuart Read, reitor de pesquisa e desenvolvimento do IMD e autor do estudo. Com o tempo e a experiência, a tendência é que o número de acertos supere o de enganos e o seu prestígio com o chefe cresça. “Quem erra menos ganha crédito e pode se arriscar mais”, diz o consultor Pedro Mandelli. A seguir, veja como usar os erros a seu favor.

Entenda como sua empresa lida com os erros
Companhias que investem em pesquisa e inovação, como as de tecnologia e de consumo, são mais abertas ao risco e, portanto, aos erros. “Em empresas de processos padronizados, a tolerância à falha é próxima de zero”, diz Ruy Quadros, professor da Universidade Estadual de Campinas. 

Para saber como a sua empresa lida com os erros, verifique se há produtos ou processos criados a partir de um fracasso. E se os executivos da companhia são promovidos apesar de falharem. “A empresa que reconhece o erro como parte da aprendizagem orienta em vez de punir”, diz Maria Tereza Fleury, diretora da Escola de Administração de Empresas da FGV-SP.

Planeje e compartilhe
Se você tem uma tarefa complicada ou vai propor um projeto, faça uma lista prevendo possíveis erros. Pense em medidas para evitar, reverter e compensar cada um desses problemas. E não deixe de levantar os custos envolvidos no processo. ”Antes de falar com o chefe, avalie se os benefícios do projeto fazem valer os riscos”, diz Gisela Kassoy, consultora de inovação e criatividade. Por fim, compartilhe suas ideias com as pessoas de confiança. “Busque apoios para não errar sozinho”, diz Pedro Mandelli, consultor de gestão de pessoas.

Solução, sim. Negligência, não
Não espere que a empresa tolere falhas por desleixo, negligência ou resistência a mudar de atitude. O erro por omissão ou falta de esforço é grave e pode manchar sua reputação. Por outro lado, quem comete equívocos buscando soluções para um problema ou enfrentando situações novas, e procura corrigi-los, ganha créditos. “É melhor errar fazendo do que nem tentar”, diz Denise Manfredi, consultora da BSP Career, de São Paulo.

Negocie com o chefe
Alinhar as ações com seu superior é fundamental para compartilhar responsabilidades e evitar represálias em caso de erro. Avalie a disposição do seu chefe para dialogar e discuta temas concretos, como projetos e tarefas. Seja realista e não combine metas exorbitantes: elas ajudam a conseguir recursos, mas se tornam um fardo caso o resultado não seja o esperado. “Pergunte o que a empresa está disposta a arriscar e a perder. Isso ajuda a saber até onde podemos ir”, diz Stuart Read, do IMD.

Corrija rapidamente
Esconder ou adiar a comunicação de uma falha só agrava a situação. Assuma a responsabilidade, explique o problema, mas não use frases como “estraguei tudo” ou “a culpa é toda minha”. E tome rapidamente medidas para reduzir danos. 

Na Serasa, empresa de análise de crédito, em São Paulo, os funcionários têm respaldo para inovar, mas precisam ser rápidos se algo sair errado. “Acompanho de perto a execução de tarefas para identificar e corrigir imprevistos assim que eles ocorrem”, diz a carioca Maria Sol Marques, de 38 anos, gerente corporativa de projetos.

Aprenda com as falhas, mas não as repita
Na subsidiária da americana 3M, em Sumaré, interior de São Paulo, isso é o que se espera dos funcionários. O químico paulista João Roberto Talamone, de 49 anos, sabe disso. Em 2006, ele passou seis meses testando uma película para proteger a pintura de veículos, mas o projeto foi suspenso por falta de prazo para mais testes. Meses depois, João descobriu que o material poderia servir a outro cliente. Hoje, é usado por mineradoras para revestir a carga de caminhões e impedir a dispersão de poeira. A venda anual já é de 2 milhões de dólares. “É uma de nossas patentes de maior sucesso nos últimos anos”, diz João.

Gabriel Penna (vocesa.com)

2 comentários:

NinaQuirino disse...

Este tema é muitissimo interessanteno tocante a realidade brasileira. Vemos na maioria das empresas uma visão deturpada do erro no trabalho ,tanto por parte dos gestores das empresas como dos funcionários.O que reflete uma falta de conhecimento por parte destes gestores quanto a gama de estratégias disponiveis para conversão destes erros em beneficio tanto para empresa quanto para o crescimento profissional.destaco alguns pontos imprencidiveis que podem ser inseridos de forma pontual no dia a dia sem necessariamente haver esforço mental para utilização das estratégias.Quando voce tem em mente ja a necessidade de um planejamento adequdo levando em consideração os custos necessarios e as interpéries possiveis, vc já tem boa parte dos erros previsiveis e pode traças as estratégias de correção imediata.Não se pode trabalhar de forma empirica mas sempre levando em consideração a margem de erros possiveis. E o texto é muito feliz quando fala na necessidade de compartilhar com seu superior ,de saber quais as maneiras que a empresa vislumbra os erros. Co isso os erros podem ser minimizados em caso de ocorrerem por vc ter o apoio do seu superior. e outro ponto que destaco impressidivel é vc ter sempre em mente os riscos e ter aquele plano "B" e até "C" para corrigir o mais rapido possivel o erro convertendo-o em beneficio.UMinha experiencia como gerente na ocorrencia de erros nos processos é deter-se na correção dos mesmos qdo surgem utilixzando ferramentas como barinstorm em reuniões ,diagrama de parret para ouvir os funcionarios e assim nao só detectar os erros ,mas fazer com que os mesmos façam parte do processo.Com isto vc valoriza o funcionario,pois os mesmos direcionados por vc detecam onde o processo falhou ,sugerem as provaveis solucoes e consequentimente semtem=se valorizados como parte importante para o desenvolvimento da empresa.
RESSALTO QUE O TEXTO FOI MUITISSIMO APROPRIADO.PARABÉNS

Fábio Barbosa disse...

Nina,

Cada vez mais acredito que as pessoas são imprescindíveis e que temos como gestores apropriá-las de conhecimento para as decisões que virão. Mas, antes disso acredito que devemos ser exemplo de gestor com nossa equipe. Temos que ter como premissas valores éticos, comprometimento e responsabilidade pelos nossos atos. Assim, delegar e buscar apoio da equipe com um ambiente de cooperação pode ser um grande diferencial na conquista das melhores maneiras e estratégias de conquistarmos os objetivos pessoais e profissionais.