segunda-feira, 18 de abril de 2011

Conhecimento e ação juntos

O conhecimento não representa vantagem para sua empresa se não vier acompanhado de vantagens de ação.

A julgar pelo volume de livros de gestão já lançados, pela quantia que as empresas despendem com consultoria e treinamento e pelo número de formandos em escolas de administração de empresas, sabemos muito sobre gestão. No entanto, o conhecimento não representa vantagem para sua empresa se não vier acompanhado de vantagens de ação. Este é o alerta que Robert Sutton, especialista em gestão por evidências, fez no início da apresentação que realizou durante a manhã do segundo dia do Fórum HSM Gestão & Liderança 2011.

“Saber o que deve ser feito é inútil, a menos que você realmente o faça”, disse Sutton, dando o tom de sua palestra. Como exemplo, o palestrante recordou que, em meados da década de 1990, as grandes fabricantes norte-americanas de automóveis sabiam exatamente o que a Toyota fazia para produzir veículos baratos e de qualidade superior, mas não conseguiam diminuir a lacuna entre o saber e o fazer em suas operações. O problema se agravou a ponto de o Presidente Obama ter “demitido” o presidente de uma montadora na crise de 2008.

Outro exemplo: a rede McDonald’s nos Estados Unidos contratou uma grande empresa de consultoria em busca de retomar seu crescimento. No meio da apresentação do relatório dos consultores, uma pessoa do McDonald’s lembrou que as mesmas recomendações haviam sido feitas por outros especialistas dois anos antes, ou seja, a rede acabou pagando duas vezes por serviços praticamente idênticos – porque sabia, mas não fazia.

A fim de diminuir a lacuna entre o saber e o fazer, o palestrante recomenda que se tenha em mente três grandes lições que aprendeu:

1ª grande lição: a filosofia importa

Por filosofia, entenda-se as crenças gerais que orientam nossas ações numa variedade de situações. Ela deve ser simples e ser absorvida pela mente das pessoas. A.G. Lafley, que foi líder da Procter & Gamble por dez anos, afirmava que a empresa tinha de se concentrar em dois momentos da verdade: o que o cliente sente quando depara com os produtos da marca na loja e o que acontece quando ele usa os produtos. Tal filosofia permeou as decisões da empresa e teve impacto positivo sobre seu sucesso.

2ª grande lição: quem aprende fazendo não mostra discrepância entre o que você sabe e o que faz

Por esse motivo, na d-School de Stanford, onde Sutton é professor, a filosofia de educação é focada mais no fazer. Os alunos têm de escrever um plano de negócios e fundam uma empresa. “Mas é menos eficiente e mais arriscado do que adotar o estilo tradicional de ensinar o empreendedorismo”, comenta Sutton, que revela: “Em 2010, quatro de 11 equipes conseguiram financiamento de investidores para abrir seus negócios”.

Um dos grandes pontos de atratividade do Facebook para contratar engenheiros, que geralmente vêm do Google, é o fato de ser uma empresa onde todos os engenheiros podem entrar no código-base e brincar com ele, para aprender e melhorar. “O Facebook erra mais do que muitas organizações que vi e é consistente com a filosofia do fundador Mark Zuckerberg, que acredita que falhar faz parte do processo de aprender”, comentou o professor. Ele também lembrou que o óleo WD40 assim se chama porque as primeiras 39 tentativas fracassaram.

3ª grande lição: a melhor pergunta diagnóstica sobre se uma empresa é melhor em saber do que em fazer é “O que acontece quando as pessoas falham?”

Se o ambiente da organização é de medo, é muito mais difícil de as pessoas transformarem conhecimento em ação, porque elas se concentram em evitar aquele dedo que aponta para elas, culpando-as. No entanto, os erros devem ser lembrados, estudados, para que não se repitam.

Corroborando o ponto de vista de John Kotter, que também ministrou palestra no Fórum HSM de Gestão e Liderança 2011, Sutton salientou a importância de focar os pequenos passos necessários para avançar constantemente na direção de metas maiores, para que as pessoas não fiquem paralisadas e percam o bom senso. “Os melhores líderes definem o que fazem como uma série de etapas viáveis e realizáveis, que levam a decisões melhores”, afirmou.

Portal HSM

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